O antigo Clube de Leitura em Voz Alta deu lugar ao Coro de Leitura em Voz Alta. Tem normalmente um periodicidade quinzenal e acontece na Biblioteca de Alcochete.

Os objectivos continuam a ser os mesmos; promover o prazer da leitura partilhada; a forma passou a ser outra.

Camões - sessão especial



Esta sessão especial do CLeVA realizou-se no Museu da Rádio e Televisão





















Muito obrigado à Rosário Vivaldo que tão bem nos guiou nesta visita.


O desafio era o seguinte:
os textos terão obrigatoriamente de ser preparados em grupo
não poderão ser propositadamente escritos para o tema
deverão ser apresentados como fossem um anúncio de rádio
não poderão exceder 1 minuto

aqui estão os resultados:

Graciete, Helena, Fernanda e Cristina



António, Cíntia, Anabela, Adília e Fernando



Eugénia e Antónia



Conceição e Manuel



Ana Paula, Ana Maria e Cristina



Helena e Miguel




próxima sessão - 15 dezembro - sessão especial

será o tema

atenção: 

a sessão realizar-se-á no Museu da Rádio, às 15h00

os textos terão obrigatoriamente de ser preparados em grupo
não poderão ser propositadamente escritos para o tema
deverão ser apresentados como fossem um anúncio de rádio
não poderão exceder 1 minuto

Magia



A Cristina começou por aconselhar a leitura do livro "A intuição leitora, a intenção narrativa" de Rodolfo Castro


Leituras do tema:

Cristina e Fernando
O jovem mágico de Mário Cesariny

O jovem mágico das mãos de ouro
que a remar não se cansa muito
e olha muito depressa (como se fosse de moto)
veio hoje ficar a minha casa

Vivia longe longe já se sabia
tão longe que era absurdo querer determinar
metade campo metade luz
aí era a sua casa o sítio onde era longe

mesmo de olhos fechados (como ele estava)
e de braços cruzados (como parecia dormir)
o jovem mágico das mãos de ouro
que era todo de empréstimo à minha noite

que falou por acaso que nem se chamava assim
(segundo também contou) tinha vivido há muito
ele, que estava ali, era um falsário
um fugido de outro basta ver os meus olhos

nada sabemos de nós a não ser que chegámos
sem uma luz a esconder-nos o rosto
belos e apavorados de estranhos casacos vestidos
altos de meter medo às aves de longo curso

nem há noites assim não há encontros
ao longo das enseadas
não há corpos amantes não há luzeiros de astros
sob tanto silêncio tão duradoura treva

e não me fales nunca eu sou surdo eu não te oiço
eu vou nascer feliz numa cidade futura
eu sei atravessar as fronteiras das coisas
olha para as minhas mãos que te pareço agora?

No entanto surgiu como simples criança
conseguia sorrir sentar-se verter águas
com as mãos na cintura livre natural
ele que era um fantasma um fugido de outro

um que nem mesmo se chamava assim
o jovem mágico das mãos de ouro
desaparecido nu de todos os sítios da terra


Cristina, Graciete, Helena e Fernanda

Introdução (Fernanda)
Falar de magia lança-nos de imediato para os truques dos mágicos, o fazer aparecer e desaparecer coisas ou pessoas, para a envolvência própria dos castelos e das fadas, para o fantástico que nos faz imaginar e, despertar, para outras vivências, outros mundos…
Goethe disse um dia: “Seja qual for o seu sonho, comece. Ousadia tem genialidade, poder e magia”
E é esta magia que nos faz vibrar, apreciar a vida, querer mais e mais para chegar mais longe!
Nós quisemos trazer-vos a magia de coisas variadas, perspetivada de um outro modo, a magia do dia, a magia da noite, a magia existente nos fenómenos da natureza, a magia que teima em vingar dentro de nós. A Magia existe em toda a parte, basta estarmos atentos!
E revendo poetas cientistas como António Gedeão e João Barbosa, procurámos alguns desses belos poemas onde se “vê” a interseção entre a poesia, a ciência e toda a sua magia.
Para começar, vamos ouvir o poema “Noite” de João Barbosa, dito pela Cristina:

NOITE

Quando o dia se faz noite
a luz desaparece?
Apenas adormece.

Põe-se o Sol no seu poente
mas tudo isso é aparente
pois, ao Sol, noutros países
brincam crianças felizes…

E quando o dia se faz noite
não é dia nem é noite
ou meia noite, meio dia,

são momentos de Poesia…

Isto eleva-nos a uma outra dimensão: a do mistério e/ou a da magia.
Selecionámos um poema ilustrativo dessas dimensões – pensamos nós – e que nos transporta à magia da evasão pessoal. O Poema é “Aurora Boreal” incluído no livro "Teatro do Mundo" de António Gedeão. Vamos ouvi-lo:

AURORA BOREAL

Tenho quarenta janelas
Nas paredes do meu quarto. ----------------- Helena
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas ----------------------- Graciete
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
Por aquela a luz dos homens,
Pela outra a escuridão. ------------------- Cristina
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais, ----------------- Helena
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala ---------------Fernanda
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia, ----------------------- Graciete
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes. ----------------- Helena

Oh janelas do meu quarto,
Quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
Falta-me a luz e o ar.

Continuando esta nossa visão daquilo que poderá ser a magia, vamos ouvir, uma vez mais a Cristina, mas desta vez com o poema “DIA” de João Barbosa:

DIA

Quando a noite se faz dia,
dizem que não é por magia.

Nasce o Sol no seu nascente
Mas tudo isso é aparente
- a Terra é que não dorme
no seu movimento uniforme.

Mas, digam o que disserem
Os livros d’astronomia,
Quando a noite se faz dia
E não é noite nem é dia

são momentos de Magia…






Miguel
brindou-nos com uma sessão de Mentalismo e com a ajuda de uma 'partnaire' fez-nos um Quadrado mágico


Ana Maria
Autêntica magia de Nuno Cardoso Dias



Ana Paula
excerto de "A luz é como a água" de Gabriel García Marquéz


Isabel
excerto de "Era uma vez natal outra vez" de Deolinda Pereira da Silva
de Era uma vez uma palavra mágica


Eugénia
excerto de "As fadas" de Antero de Quental


Alexandra, António, Adília e Anabela
iniciaram-nos na Magia celta com um excerto de "Magia Celta" de D.J. Conway




Antónia

Hoje não estou preparada,
não trouxe nada para vos ler,
por favor, fechem os olhos.
Não me viram desaparecer?


Helena
excerto de "O Rei do Monte Brasil"
de Ana Cristina Silva


e foi também a Helena que nos trouxe 'o livro do dia', neste caso 'os livros do dia'


de Manuel Bandeira, "Vou-me embora pra Pasárgada"
ilustrado com o poema do mesmo nome:


Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.



e de António Gedeão, "Poesias completas"
com excertos de:

Sou assim

Transcendente.
Sobre-humano.
Oh feliz de quem entende,
de quem busca e surpreende
os pontos, a recta e o plano!

Um pobre homenzinho ignaro,
com os pés colados ao mundo,
olha o alto e olha o fundo,
consegue ver tudo claro.

Deus te abençoe, meu amigo.
Deus te dê o que desejas.
Que palpes, que oiças, que vejas
o sonho que anda contigo.

Todo claro é escuro em mim.
Não tenho asas nem rabo.
Não sou Anjo nem Diabo.
Sou assim.

de Calçada de carricheLágrima de Preta e de Poema para Galileu



como não podia deixar de ser acabámos a comer e a beber

felizmente ninguém se magoou